quinta-feira, 20 de junho de 2013

O porquê das "utopias"

O Movimento Passe Livre preza por apresentar o projeto de lei da tarifa zero por iniciativa popular, a princípio eu não compreendia o porquê dessa “utopia” dentro da minha percepção  conservadora. Observando a movimentação da última semana consegui abrir meus ouvidos e olhos para compreender essa “utopia”. A tarifa zero mexe com o bolso de quem tem poder econômico para influenciar diretamente nas decisões políticas de nossa câmara municipal, para fazer frente a essa parcela confortavelmente instalada no poder político de nossa cidade, só existe uma alternativa, a pressão popular, apenas o povo nas ruas é capaz de impulsionar a aprovação de um projeto que contraria os interesses da elite.
As primeiras manifestações foram com um número menor de pessoas predominantemente estudantes de classe média, mas o poder público deu um tiro no pé, ao acionar suas forças repressoras para violentar a população. Entenda-se por força repressora, a POLÍCIA, sim o porrete que garante a ordem das elites para governar o povo. Assim, o subestimado movimento ganhou forças e apoio da população que até então não dava ouvidos aos meninos, ou de alguns outros milhares como eu, que acreditava na causa, mas já tinha abandonado os sonhos. As forças conservadoras, que apenas cochilam no Brasil, acionaram seu divulgador ideológico midiático e completaram a fórmula levando uma massa despolitizada para as ruas.
Essa movimentação propiciou uma semana de intensos debates políticos, alguns com medo dos jovens perdidos que se incorporaram nas manifestações com pautas incoerentes, outros apavorados com a mídia começaram a culpar o movimento por ser horizontal e não ter lideranças, e o partido da mídia tentou reconduzir o movimento com suas pautas. Os movimentos sociais por sua vez, já espertos com outros golpes, trataram de se reposicionar para pressionar o prefeito e pararam de criticar os “anarquistas” do passe livre e o jeito que se organizam.
O prefeito vacilou, não quis recuar do aumento e ameaçou colocar na conta da gasolina o possível recuo. O governador então, nem disposição ao diálogo demonstrou. Restou à população sair às ruas do seu jeito mesmo, com cerca de 150 mil pessoas em plena segunda feira útil, para dizer que não aceitava ser calada e muito menos ignorada. Dois dias de grande pressão popular, desgaste de imagem pública, instauração do movimento nacionalmente e ameaças à Copa foram o suficiente para a revogação dos aumentos. No entanto, o discurso sobre a redução das tarifas não veio acompanhado dos pedidos de mudança sugeridos pela população, ao contrário veio velado de ameaças à população. Ameaças de corte em outros investimentos.
De fato existe uma conta que não se equaliza no estado burguês, pois existe uma parcela, sendo essa a maior, que é destinada ao lucro das empresas prestadoras de serviços ao estado. Tanto prefeito como governador foram claros ao dizer que precisariam rever os outros investimentos públicos, mas em nenhum momento cogitaram diminuir o lucro dos déspotas do estado que os elegem.
Por hora, comemoraremos a batalha vencida, mas não podemos deixar de notar que esses governantes, tanto Haddad, quanto Alckmin estão comprometidos em manter o status quo do empresariado e atuarão para apagar os incêndios e retomarem a ordem, ora de forma violenta, ora como concedentes de benesses. Mas não nos enganemos, cada centímetro de direito conquistado se dá nas ruas com pressão popular. Inclusive com aqueles que se travestem de esquerda.


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