quarta-feira, 12 de junho de 2013

A revolta não custa 0,20 centavos

Muito têm se falado sobra a manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trens na cidade de São Paulo. Muitos dados importantes, muito apoio e muitas críticas. Por um lado a prefeitura argumenta que fez um ajuste abaixo da inflação e que esse aumento prejudicaria menos os trabalhadores e o restante da população. Será mesmo que o trabalhador não é prejudicado?
O trabalhador formal custeia seu vale transporte contribuindo com 6% do seu salário, então pagará um pouco a mais. No entanto, esse vale transporte serve apenas para a ida e a volta do trajeto casa trabalho, não cobre outras locomoções dentro da cidade. Em 2012 a renda média do brasileiro ficou em R$ 1345,00 reais, 6% desse valor equivale á R$ 80,70.Mas se esse trabalhador quiser participar da cidade aos finais de semana, utilizando ônibus e metrô gastará por dia minimamente R$ 10,00, se fizer isso todos os sábados e domingos do mês serão R$ 80,00.Ou seja, o trabalhador gasta pelo menos  11,8% com transporte público.
Mas vamos supor que esse trabalhador por acaso estude á noite, ou que tenha pelo menos um filho em idade escolar, são 20 dias de aulas por mês. Se no percurso for utilizado apenas ônibus na modalidade meia passagem de estudante, serão gastos R$ 64,00, se metrô e ônibus R$ 138,00. Então os 11,8%, se tornam 16,6% ou 22,1% respectivamente.
OIIIIIIIII? Isso mesmo, 22% do salário apenas para se locomover pela cidade, com o restante é preciso comer, vestir-se, estudar, cuidar da saúde, namorar, enfim viver. É importante lembrar que essa conta foi feita sob o teto máximo da renda média, existe também a renda dos mais pobres, que em 2012 ficou em R$ 186,00. Bem, se fizermos a conta perceberemos que os mais pobres não conseguem participar da cidade com esse preço de transporte, a não ser esporadicamente, ou caso escolham andar pela cidade talvez não possam comer por exemplo. Evidente que essa situação é apenas hipotética, pois na batalha cotidiana, é possível flagrar inumeráveis mazelas que não dou conta de contar.
Só fiz essa conta porque estou ouvindo muitas babaquices sobre as manifestações, talvez as pessoas estejam ocupadas demais para perceberem o quanto pagam para serem violentadas cotidianamente nos metrôs e ônibus. Leio coisas do tipo de que as passeatas são apenas por 0,20 centavos, que os trabalhadores não são prejudicados ou que ainda os “desocupados” dos estudantes estão pensando no próprio umbigo. Isso são bravatas e mentiras de quem quer desarticular a luta popular. Esses jovens estão sim preocupados com suas vidas, com a vida de seus pais trabalhadores, e com a vida de pessoas que muitas vezes nem conseguem chegar até o centro da cidade para juntar-se às manifestações. São embalados pelos sentimentos mais nobres, bem como pelas suas preocupações ao perceberem suas possibilidades sendo minadas  por uma cidade excludente como São Paulo.
Quanto à polícia, o que esperar? A polícia desce o cacete, para proteger seus governantes que não querem sentar e fazer uma conta nova na distribuição dos recursos. Esses governantes optam por cotidianamente violentar a população com o transporte público caro e precário, pois assim conseguem fechar suas contas de campanha com as doações das empresas de transporte. Esses governantes criam novas leis para calar a população, acobertam prisões arbitrárias e autorizam o massacre promovido pela Tropa de Choque. Depois dão declarações alegando que não negociam com “vândalos”. Exemplo de uma tremenda covardia, culpar o movimento por meia dúzia de atos individuais.
          O passe livre é uma bandeira histórica dos movimentos da juventude brasileira.A revolta do momento não é só pela passagem, é o reflexo de uma galera que cada vez tem menos acesso à cidade, seja porque é cara, seja porque é reprimida. A galera tá cansada dessa polícia que só bate, bate e mata à paisana na “quebrada”. A juventude quer viver livre e com dignidade para construir com liberdade outros sonhos.

PS1: Dedico esse post à todos os meus amigos e amigas que estão na ruas brigando por uma sociedade mais justa. Com eles aprendi sobre fraternidade,justiça e também a sonhar.

PS2:Ontem a minha irmã saiu do seu trabalho no Jardim Europa (zona Sul) e chegou até a Penha(zona Leste) no mesmo horário de sempre. Isso aconteceu porque ela não ficou presa no trânsito dentro de seu automóvel, como milhões de paulistanos ela foi esmagada na linha vermelha do metrô até sua casa.


Essa é a violência que o governo do estado de São Paulo comete com a população


Essa é a galera que não tolera mais a violência acima


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