sábado, 28 de abril de 2012

Já fui puta, bruxa, vadia, promíscua
Cortesã, sem dote e não cristã
Adultera, a causadora de todo o mal e pecado do mundo
Eva e Cleópatra, Mãe de Deus e até conciliadora nas horas ruins
Impura, sem honra, sem modos e até digna de lapidação
Não pude votar, dispor do meu corpo, meu intelecto e quiçá de meu útero
Fui da Penha, como outras Marias, estatística e assustadora
Feminista e o que mais nomearem, só nunca vi mesmo o termo
Femicídio para bárbaros atos masculinos

domingo, 8 de abril de 2012

Esperando ou fazendo a vida


Talvez seja melhor aguardar do desconhecido inesperado ao invés de esperar o seu inusitado.
Tolice ludibriar-se com esperanças de onde o que se espera mesmo é desapontamentos.
De nada vale mesmo esperar de quem se ocupa em seu ócio em te magoar, te torturar, desdenhar de ti.
Saudade que agoniza constantemente do tempo que não existiu, da palavra dita sem compromisso, de mais um coração que partiu em lágrimas.
Uma,duas,meia dúzia apenas, silenciosas, escorridas com timidez entre algumas palavras ácidas em um acesso de fúria acachapante, em meio a explosão do turbilhão de sentimentos contraditórios do breve momento, as inseguranças e dúvidas dos planos desfeitos a tempo de não serem sondados, concretizados que depois se desmanchariam em pesadelos que atrapalham o sono, o sorrir e o viver.
Deixas uma pequena trilha sonora ainda salva em meu pendrive, algumas belos momentos eternizados pela fotografia, sem apego nas imagens, mas uma saudade que aperta no peito e soca no estômago. Deixas também um arrependimento do tempo que não te amei por temer ser breve e doído, talvez algo no ventre e o imenso desconforto ao me sentir vulnerável por saber que sentirei não mais colher um beijo acalentador seguido de um sorridente e confortante sussurrado gosto de ti.
Talvez o medo que te acusaste fosse minha covardia em sentir essa tristeza por conta dessa saudade.